A política do Brasil de estabelecer tarifas mínimas de frete está reduzindo o volume de carga nos portos brasileiros, uma vez que os agricultores e exportadores agrícolas têm dificuldade em conseguir transporte a um custo mais alto, de acordo com o chefe de uma associação portuária brasileira.
O país instituiu taxas mínimas de frete acima da taxa de mercado anterior como parte de um acordo para acabar com a greve dos caminhoneiros em relação aos altos preços do diesel em maio. A greve paralisou as estradas do país, impedindo que as exportações de produtos agrícolas chegassem ao porto e que os produtos chegassem às prateleiras das lojas.
A política já reduziu as cargas portuárias em julho e agosto, disse José Di Bella Filho, presidente-executivo da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), à Reuters na quinta-feira.
Na quarta-feira, a autoridade de trânsito ANTT aumentou as taxas mínimas em mais 5%.
O custo mais alto pesa sobre os agricultores e exportadores com margens de lucro já baixas, em muitos casos tornando "inviável" transportar produtos agrícolas para o porto, disse Di Bella.
"O exportador perde competitividade e as condições para fazer negócios. Ele deixa de comprar o produto no campo e não cumpre os compromissos no destino, e isso deixa o porto brasileiro sem carga", disse Di Bella.
Os membros da ABTP lidam com aproximadamente 70% das cargas portuárias do Brasil, de acordo com Di Bella.
À medida que as empresas buscam alternativas ao frete rodoviário após a greve dos caminhoneiros, a quantidade de transporte marítimo de porto a porto no Brasil disparou, disse ele.
Mas esse volume permanece baixo em termos absolutos, já que o transporte porto-a-porto está legalmente restrito a um grupo relativamente pequeno de empresas ligadas ao Brasil que possuem navios que arvoram a bandeira do país, disse ele.
Di Bella vê as taxas mínimas de frete e as restrições sobre o transporte porto-a-porto como parte de uma longa lista de intervenções do governo no setor que devem ser eliminadas para atrair mais investimentos e expandir a capacidade portuária do Brasil.
A ABTP reuniu-se com representantes de campanha de cinco dos principais candidatos que concorreram na eleição presidencial de 7 de outubro para pressionar pela desregulamentação e menos burocracia.
Uma rodada de investimento na capacidade de transporte de grãos em portos em todo o Brasil está acabando eo país precisa iniciar uma nova onda de investimentos para atender às suas necessidades em cinco a 10 anos, conforme as colheitas crescem ea demanda continua aumentando, disse Di Bella.
Por exemplo, a produção de grãos na região da fronteira agrícola de Matopiba - os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - está crescendo e exige equipamentos melhores e mais berços em portos como Itaqui e Ilhéus, disse ele.
(Reportagem de Jake Spring e Anthony Boadle, edição de Chizu Nomiyama)